Inês, que acha que tem graça, é obcecada por caixas,
caixinhas e até caixotes. Tudo porque nunca encontrou caixa, caixinha ou
caixote onde conseguisse colocar o seu ego. Desta vez, porém, Inês comprou uma
Caixa que não está destinada sua colecção.
A Caixa estava, de momento, a ser preenchida com letrinhas
que ela se entretinha a recortar enquanto prosseguia viagem em direcção à
Cidade. A meio do caminho, o Xavi juntou-se a ela e ajudou-a. Ela sempre se
sentiu atraída por ele. Afinal ele era bonito, tinha charme e era gentil. Por
isso, tê-lo como seu coordenador adjunto era perfeito, pois era mais tempo que
passava com ele e maiores eram as hipóteses de ele perceber o quão maravilhosa
ela era.
É momento agora para explicar o que a Inês faz com o seu tempo
livre. Ela faz parte da Associação e, de alguns anos para cá, do Projecto,
sendo que o ano passado foi escolhida para coordenadora. A questão é que ela,
nesta história, não pode ser vista como coordenadora. Ela não coordena nada.
Ela manda! É uma espécie de ditadora dos nossos dias, que se limita a mandar na
equipa, constituída por um conjunto de pessoas também elas extremamente devotas
à Associação, e à causa do Projecto. Por isso, o Xavi de coordenador adjunto
nada tem. As opiniões dele são sempre prontamente rejeitadas e tudo é feito da
forma como a Imperatriz Inês pretende.
No entanto, o tempo da nossa querida amiga no Projecto está
a terminar e, para mal dela e para bem de todos os outros, está na altura de
escolher um novo coordenador, na esperança que, desta vez, este seja um
verdadeiro coordenador. E é esse o propósito desta nossa viagem, reunir com o
Escolhido e entregar-lhe a Caixa, com a proposta codificada.
O Escolhido chega um pouco atrasado, o que é bom para a Inês
que pode continuar a tentar maravilhar o Xavi, e vem acompanhado. Foi a própria
Inês que sugeriu que ele trouxesse a sua namorada. Havia um conjunto de
mensagens que ela pretendia passar à Rapariga.
Sentaram-se e foram directos ao assunto. O Escolhido já
desconfiava daquilo que o trazia ali mas fingiu-se surpreendido e ainda mostrar
de certa forma estar a ponderar, quando na realidade a decisão estava já
tomada, dado que nunca lhe passaria pela cabeça recusar. Enquanto isso, a Inês
foi tentado mostrar à Rapariga que ela era um estorvo na vida do Escolhido, e
que ele tinha que dedicar o seu tempo à causa, e que não ia ter tempo livre
para coisas tão desnecessárias como namorar. Infelizmente, não conseguiu ser
totalmente eficaz na transmissão da mensagem. A Rapariga ficou doente e teve
que abandonar a mesa e, posteriormente, acabou mesmo por ir embora, levando
consigo o Escolhido.
A Inês, no entanto, não ficou nada triste com a sua partida.
Aproveitou o seu tempo a sós com o Xavi para lhe mostrar as suas maravilhosas
ideias para o Projecto, tentando, ao mesmo tempo, conquistá-lo com o olhar e
com sorrisinhos. Chegou a hora de ir embora, e ambos apanharam o comboio. Continuaram
a conversa até ele sair no Apeadeiro e a esperança da Inês foi aumentando. O
seu ego chegou ao final da tarde inchado. O que a Inês não sabe é que o Xavi
não tem o mínimo interesse nela e que se ela fosse uma personagem nos dos
filmes do Tim Burton, o seu realizador favorito, seria a Noiva Cadáver,
destinada a andar por este mundo à procura de algo que nunca vai encontrar –
Amor.
2 comentários:
Foste tu que escreveste?
Fiquei curiosa sobre como continua a história!
Fui :)
Não há continuação. Pelo menos para já. Digamos que fica em aberto.
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